top of page

Sobre Deixar o Ninho

Fico pensando hoje o que não deve ter passado na cabeça da minha mãe quando decidi morar tão longe, hoje sei o quanto ela sofreu, o quanto deve ter chorado escondida e principalmente, o quanto ela se fez de forte pra mim. Não é fácil ficar longe dos filhos. Um dia fomos, quando ainda morava no Brasil fomos pra praia um final de semana (bate e volta, meio que loucura quando você mora no norte do Paraná) e minha prima que tem uma filhinha que tinha um ano e meio na época foi também com o marido, mas deixou a filha com a mãe. Lembro que quando passamos a noite para pegá-los, ela entrou no carro e ficou muito calada, percebi que ela tinha chorado e confesso que na hora não entendi, e achei até um certo exagero, mas não comentei nada. Hoje entendo. Entendo que talvez tenha sido até pouco, ou ela fingiu muito bem, usou das uma das melhores estratégias das mães e se fez de forte. Tenho o privilégio de morar em um país onde a licença maternidade é de 9 meses, então não consigo nem imaginar o que sentem as amigas que tem que deixar os filhos tão pequenininhos. Tentei durante a semana toda me preparar para o bendito sábado. Tentei preparar a cabeça para quando chegasse. Tentei até me distanciar dele fisicamente um pouquinho, pensando que isso facilitaria alguma coisa. Boba eu. Sairíamos de manhã e voltaríamos só bem tarde, quando Francisco já estivesse na cama. Então estava assim, coração apertadíssimo. Ele ficou em casa com meu irmão e minha cunhada. Ele estava no seu ambiente com pessoas que eu confio, então sem motivo para preocupação certo? Infelizmente não. Mas o mais engraçado da situação é que acho que o problema era comigo, ou será que toda mãe acha? Eu sabia que ele estava bem, mas na verdade, não era ele que precisava de mim, era eu que precisava dele. Sair assim de casa só com a minha bolsa já não era mais normal. Onde estava toda a parafernália de criança que a gente reclama tanto na hora de sair? Carrinho, cadeirinha, bolsa, pega fralda, pega roupa extra, sempre esquece alguma coisa. Não, nada disso, só eu e a minha bolsa e as lágrimas que foram escorrendo conforme o carro partia. A primeira hora foi mais difícil, mas graças à tecnologia o contato era praticamente imediato quando necessário. Mandei 1, 2, 3 mensagens e coração foi se acalmando, lembrei de que no dia anterior minha cunhada tinha me dito: Se não estiver tudo bem nós ligamos. Fiquei mais tranquila e consegui até aproveitar o dia. Mas nesse dia descobri que pode até ser fácil se fazer de forte, mas as mães também fingem muito bem.

Nota 1: Se você não é mãe, provavelmente você não entendeu esse texto.

Nota 2: Se você é pai você também não entendeu.

Follow Us
  • Twitter Basic Black
  • Facebook Basic Black
  • Google+ Basic Black
Recent Posts
bottom of page